sábado, 19 de outubro de 2013

GRAVIDADE








por Quatermass



Gravidade (Gravity - 2013) é um filme de ficção científica que realmente faz jus a sua recém adquirida fama. Tendo recebido a raríssima nota 8,7 do IMDb, achei que fosse exagero. Mas não. 


Talvez exagerada fosse a tentativa de traçar comparação à obras de culto como 2001 - Uma Odisséia  no Espaço (1968) e Solaris (1972). O filme de Stanley Kubrick aborda questões como nascimento, morte e evolução; já o de Andrei Tarkovski  trata a existência humana. Ambos são filmes de longa duração, lentos e complexos a ponto de que obras posteriores, como 2010 e a versão americana de Solaris careçam de conteúdo e representem visões muito, mas muito simplistas dos originais, ou seja, são releituras fracas e insossas. 


Filmes de culto não buscam explicar: jogam imagens, sons, ideias e concepções ao expectador. Não buscam retorno, não almejam bilheterias, não escolhem o caminho mais curto e sem pedras. Não são vazios, ao contrário, detém uma ou mais ideias subliminares; espontaneamente causam impacto, ficam na memória do cinéfilo, geralmente em cenas memoráveis.


Já Gravidade não foi dirigida por um monstro do cinema (ainda). O mexicano Alfonso Cuarón, resgata aspectos caros à Kubrick e Tarkovski:  respeito à verossimilhança. Se no espaço não há ar, não há som. Pode parecer idiota o que estou dizendo, mas quantos filmes de ficção apresentam silêncio no vazio? Há ação, mas sem som; ao invés, os diálogos e a trilha sonora de Steven Price compensam os demais ruídos. A música é hipnótica e terrivelmente impositiva.















De outro lado, é a melhor atuação de Sandra Bullock que já vi; o canastrão George Clooney está na dele. Agora, a história: destroços de um satélite russo ameaçam a missão espacial americana. A Dra. Ryan Stone (Bullock) é a única sobrevivente. No entanto, está só no espaço: o ônibus espacial foi destruído e não há como voltar senão em um dos módulos da Estação Espacial Internacional, que também está prestes a ser destruída. 


Além de ser uma corrida contra o tempo, agravada pela condição de astronauta solitária, ainda tem que lidar com a ausência de gravidade e todas as piruetas que advém. Não chega a ser tedioso como em Mar Aberto, onde um casal de mergulhadores é esquecido no meio do Pacífico; mas exagera ao fazer crer que há mais chances de se salvar em órbita da terra do que no meio do oceano. 






 


Gravidade não trata questões metafísicas, mas sobrevivência, esperança e fé, temas que escapam em 2001 e Solaris. Daí porque é inovador: seus questionamentos são singelos, portanto, simples, só que inteligentemente tratados por Cuarón. 



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